Uma Mulher de Negócios (Ipaussu)

“Sou a Andressa, esposa do Luís. Tinha vinte e dois anos na época em que tudo aconteceu, ele: vinte e oito. Estávamos casados há três anos e não tínhamos filhos (ainda não temos). Passávamos, sem sombra de dúvidas, pela pior fase de nossas vidas. Eu: desempregada, ele: afastado do trabalho por tempo indeterminado, por conta de duas hérnias de disco, sendo que, para piorar, também nos tirava o sono a possibilidade, cada vez mais provável, de sermos surpreendidos com a polícia na porta de casa, pois o Luís não estava conseguindo pagar a pensão alimentícia do filho de 8 anos, fruto de um relacionamento anterior.

01 Uma Mulher de Negócios (Ipaussu)

Tudo parecia muito sombrio: carro precisando de reparos (documento atrasado e pneus carecas), aluguel atrasado há três meses (o dono da casa aparecia todos os dias para fazer uma nova ameaça), brigas familiares pela questão de algum dinheiro que nos haviam emprestado e que ainda não tínhamos conseguido devolver…

Até nossa alimentação era precária; na verdade, a gente se virava, dava um jeito. Legal é que nunca desistíamos. Todo dia surgia um plano novo (nenhum parecia dar certo) e mesmos os fracassos não nos deixavam entregar os pontos.

Enfim, numa sexta-feira, próximo das cinco da tarde, Luis levantou a possibilidade de conseguirmos um trabalho temporário junto a um ex-vereador, amigo do pai dele. O velho tinha um escritório de contabilidade e não sei de onde surgiu o papo de que talvez estivesse precisando de mão de obra, mesmo que apenas por algum tempo. Como tínhamos um pouco de gasolina, decidimos apostar.

Demos com os burros n’água. Tocamos a campainha inúmeras vezes e ficamos quase dez minutos batendo palmas em frente ao casarão, até um vizinho aparecer para avisar que não havia ninguém por ali já há alguns dias, pois estavam viajando e não tinham data para retornar.

Já era noite quando voltamos cabisbaixos para o carro, carregados por nossos pensamentos mais destrutivos, à beira de um ataque de nervos, prontos para um ou outro (ou ambos) iniciar o choro; isso se o acaso não decidisse agir primeiro, surgindo, literalmente, como um carro desgovernado, pronto para mudar o rumo das coisas… Foi assim: Luís reduziu a velocidade para passar por uma lombada numa rua pouco movimentada do centro da cidade e, não mais que de repente, ouvimos apenas o som da freada que antecedeu o impacto em nossa traseira.

Ao descermos assustados para entender o que de fato havia acontecido, vimos descer do outro automóvel (novo, enorme e lindo), um homem de mais ou menos uns quarenta anos, traje social, sapatos pretos e brilhantes, cabelos bem penteados e rosto bonito…

02 Uma Mulher de Negócios (Ipaussu)

– Nem precisam chamar a polícia, estou errado e vou arcar com todo o prejuízo. – disse e sorriu para tentar nos acalmar. – Acho que estava mexendo no celular. Foi um descuido, acontece. Vocês estão bem?

Aproximou-se, cumprimentando primeiro o meu marido, depois a mim.

– Tirando o susto… – exclamou Luís.

– Meu nome é Ivan! – revelou, fazendo uma pausa curta para ouvir nossos nomes. – Não se preocupem com nada, vou resolver tudo. Só acho que deveríamos sair desse lugar deserto. Conhecem algum posto de combustível, supermercado, farmácia… para podermos parar e conversar?

Meu marido explicou que não morávamos tão longe dali, por isso a decisão foi por irmos até nossa casa. Para garantir que ele não tomaria outro caminho e desaparecesse com seu automóvel moderno, Luís teve a ideia de lhe pedir a habilitação e o documento do carro como garantia. Ivan concordou numa boa.

O problema é que nosso carro se movia com muito custo, fazendo um ruído medonho ainda por cima. Descemos todos novamente para constatar que o para-choque, todo danificado, entortou e passou a raspar em um dos pneus traseiros. Ivan e meu marido juntaram forças para puxar a lata, movendo o plástico grosso do para-choque…

Como sabia dos problemas de saúde do Luís, também me abaixei para tentar ajudar de alguma forma. Estava usando uma camiseta larguinha, shortinho jeans (um tanto quanto curto) e chinelos de dedo. E então, nesse momento, percebi pela primeira vez os olhos ávidos de Ivan. Estava lá abaixada, fazendo toda a força que conseguia e, ao mover meu rosto, flagrei os olhos dele fixados bem no meio das minhas pernas. Levantei-me subitamente, enquanto ele empalideceu, virando depressa a cabeça para outro lado.

– Ufaaaa! – comemorou meu marido, assim que viu o problema resolvido.

Voltamos ao carro, com Ivan nos seguindo. Partimos em direção ao nosso bairro: uma vila bem humilde, com casas simples de terrenos pequenos. Chegamos depressa, já que a distância era curta. Descemos em frente à nossa residência e reiniciamos a conversa, amistosa por sinal. Dois minutos depois, algumas verdades até foram se desnudando:

– Ainda bem que não decidiram chamar a polícia… – passou a confessar Ivan, sorrindo timidamente. – Fiz a besteira de tomar umas doses de uísque com um pessoal. Ia me complicar, perder bastante tempo; tempo que nem tenho, pois amanhã bem cedo tenho uma reunião importantíssima na capital, depois voo para os Estados Unidos.

– Nunca chamaríamos… – foi a vez do meu marido. – Nosso carro está com o documento atrasado, pneu careca, problemas nas lanternas.

Complacente, Ivan balançou a cabeça.

Eu, de braços cruzados, ali ao lado dos dois, apenas observava.

– Quanto acha que custará o conserto do meu para-choque? – indagou Luís.

– Não tenho a menor noção, mas não se preocupem, pago o que tiver que pagar. Mil, mil e quinhentos? Não tenho nem ideia. Amanhã bem cedo, peço pra um amigo vir aqui. Ele se encarregará de tudo.

Depois de fazer que “sim” com a cabeça, meu marido abriu o cadeado do portão e convidou Ivan a entrar em nossa casa. Nos sentamos no sofá (senti vergonha em ver aquele homem, com aquelas roupas caras, entrando na minha modesta sala, se sentando no meu estofado surrado).

Luís:

– Ivan, infelizmente estamos passando por um momento bem complicado, complicado até de explicar. Estou afastado do serviço, brigando contra tudo e contra todos, enfim… vou te poupar das histórias tristes.

– Magina… – sussurrou Ivan.

– O que acha fecharmos o valor do consertou em mil reais? Você nos dá esse dinheiro… transfere para minha conta; utilizamos em nossas prioridades e depois dou meu jeito para arrumar o carro, isso quando as coisas melhorarem. Pode ser?

Eu, calada, ciente de toda nossa dificuldade, torcia para o homem concordar.

Ivan sorriu.

– Vou fazer diferente: te dou esse valor em dinheiro, agora mesmo e, ainda por cima, peço para alguém lhe procurar amanhã para cuidar do conserto de seu carro, das lanternas, dos pneus e do documento. O que acha?

Luís me olhou com os olhos faiscando, boquiaberto e incrédulo. Eu tentei conter minha euforia, mas falhei, demonstrando um entusiasmo que instintivamente tomou conta do meu rosto. Os últimos dias haviam sido tão tensos, que era difícil acreditar que aquilo realmente poderia estar acontecendo.

O homem se levantou, enfiou a mão no bolso detrás e apanhou a carteira. Retirou todas as notas que haviam nela, contou rapidamente e depois entregou ao Luís. Enquanto ia se sentando novamente, exclamou:

 – Mil, cento e oitenta reais… É tudo o que tenho aqui. Mas deixa eu perguntar… – fez uma pequena pausa, agora para alternar o olhar entre o rosto do meu marido e o meu. – Estão pensando em fazer alguma coisa nesta noite? Caso não tenham nada em mente, adoraria levá-los para jantar comigo… Meio que um pedido de desculpas pelo acidente que causei. O que acham?

03 Uma Mulher de Negócios (Ipaussu)

– Muito obrigado, mas já nos ajudou bastante. – respondeu Luís.

– Vamos! – insistiu Ivan. – Jantamos no hotel e depois vocês passam a noite por lá, para se desestressarem um pouco. Pela manhã, enquanto eu tomo meu rumo, meu pessoal se encarrega de trazê-los de volta para casa. Vamos, vão gostar…

Meu marido jogou a bomba em meu colo:

– E aí, Andressa?

Ivan me encarou com um sorriso que parecia misturar apreensão e malícia.

Claro que estava doida para aceitar, mas, por outro lado, o cara que me encarava era um estranho que havíamos conhecido menos de uma hora atrás. Pensei, pensei, pensei… e no final acabei dizendo que aceitava. Além da fome, pensei em como seria legal passar uma noite em um hotel.

Aí, como só tínhamos um banheiro, enquanto meu marido foi tomar banho, continuei no sofá, distante um metro e meio, dois metros do sofá à frente, onde Ivan se sentara. Devo admitir que, a princípio, tão logo me vi sozinha, temi receber alguma cantada ou qualquer tipo de investida; quando, na verdade, as frases que acabamos trocando, sairam cercadas de respeito e sutileza:

– Quantos anos tem, Andressa?

– Vinte e dois!

– O Luís é mais velho que você, não?

– Seis anos. E você, quantos anos tem?

– Trinta e nove, faço quarenta daqui três meses…

Fazíamos pequenas pausas, depois o papo voltava com tudo:

– Como conseguem viver nessa cidade tão pequena?

– Nascemos aqui, nossos pais são daqui… Estamos acostumados.

Reparei que ele me olhava de uma forma bem cuidadosa. Mulher sabe quando está sendo observada, mulher sabe o jeito que a estão olhando. Disfarçava bem, movia os olhos para não deixá-los fixos em qualquer ponto do meu corpo, com o cuidado de avançar o olhar apenas quando fazia perguntas ou comentários.

Admito que também o observei bastante (mulher também olha, viu?). Nunca fui o tipo de mulher oferecida, muito pelo contrário. Luís foi meu primeiro e único homem.

Mas voltando ao Ivan: ele era um homem bonito, sofisticado, com cara de que já havia vivido muitas coisas na vida, muitos romances, sabe? Devia ter, mais ou menos, um metro e oitenta, mãos e pés grandes, corpo bonito. Apesar do casaco cobrindo a camisa, dava para perceber que possuía um corpo de quem gosta de esportes, de quem se cuida. Era moreno, cabelos ondulados e olhos castanhos. Sempre fui fascinada por boca… e a dele tinha o tamanho certo, além de ser bem desenhada.

– O que está fazendo por aqui? – perguntei.

Ele sorriu.

– Trabalho numa empresa que constrói e administra hotéis. Antigamente nossa operação ficava restrita à capitais: São Paulo, Minas, Rio de Janeiro… Isso até o conselho do grupo optar por abrir a operação também para cidades interioranas.

– Vão construir um hotel aqui em Ipaussu?

– Em breve. – confirmou com um sorrisinho charmoso. – Compramos um grande terreno perto da rodoviária. Até o final do ano vocês começam a ver máquinas jogando poeira para todos os cantos da cidade…

Nisso, Luís apareceu, todo arrumado. É claro que não trajava roupas elegantes como as de Ivan, mas estava bem melhor que antes do banho. Usava camisa e calça sociais e os sapatos pretos que dei a ele no último natal.

Então, fui tomar banho, enquanto os dois passaram a conversavar.

Fiquei algum tempo me observando no espelho do banheiro, depois tirei a camiseta e o sutiã, o shorts jeans e a calcinha. Sou vaidosa, mas me olhando naquele momento, algo me dizia que talvez eu precisasse me cuidar ainda mais. Parece que de repente passei a me comparar com o tipo de mulher que imaginei que um cara refinado como o Ivan talvez costumasse se envolver. Coisa estranha, não?

04 Uma Mulher de Negócios (Ipaussu)

Tenho um metro e sessenta e oito, cerca de sessenta e cinco quilos, (Luís é um pouquinho mais alto: tem algo em torno de um e setenta). Meus cabelos são lisos, castanhos, compridos (até o meio das costas). Meus peitos não são grandes, mas acho bonitinhos. Como diz minha mãe: “nossas bundas são nosso ponto forte” (risos). Tanto minha mãe, quanto minha irmã e eu… temos a bunda bonita, acho que tem a ver com genética. O Luís morre de ciúme, porque sempre alguém olha.

Pouco tempo depois que meu pai faleceu, minha mãe tratou de arranjar outro companheiro, então, teve que aprender a se comportar, como eu. Mas minha irmã não, nem um pouco; a danada sabe usar a arma que tem, não parando com namorado nenhum e, juro, traindo todos eles.

Sempre fui diferente dela. Mesmo com todos os problemas de um relacionamento, sejam financeiros ou até mesmo os relacionados à saúde do Luís, o mais próximo que cheguei de uma traição, talvez tenha sido quando trabalhei numa casa lotérica da cidade. O lugar era bem pequeno, quase um corredor, com um espaço anexo onde haviam três guichês de atendimento. Eu ficava em um e dois funcionários nos outros; um rapaz e uma senhora (tia-avó do proprietário). Esse rapaz vivia aproveitando a particularidade do local para me encoxar… e, por motivos óbvios, só fazia isso comigo. Ele era esperto: quando eu saía do guichê para ir ou voltar do almoço, buscar água ou ir ao banheiro; ele corria e saía junto, como quem não queria nada, sempre pelo caminho oposto, para nos cruzarmos. Aí ele disfarçava, mas, de passagem por mim, arranjava uma maneira de encoxar. Às vezes se esfregava na minha perna, mas gostava mesmo da minha bunda. E eu, sinceramente, sabia que aquilo não era a coisa mais correta do mundo, mas como não nego que também me excitava, nunca me incomodei. No restante do tempo ele era respeitoso, atencioso com todos, falava pouco e sempre tentava ajudar. Na primeira vez que aconteceu, achei que tivesse sido um acidente, depois é que percebi que ele fazia por querer. Tinha vezes em que eu também empurrava minha bunda com sutileza, mas morrendo de medo que alguém visse ou que ele próprio percebesse. Quando fui demitida de lá, perguntei a ele se sentiria saudade… Ouvi que sim, pois era a pessoa mais gente boa dali. “Gente boa”, gente boa nada, ele ia é sentir falta da minha bunda. Se eu fosse igual minha irmã, certeza que já teria dado para ele.

Bom, terminado meu banho, coloquei um vestido justo, preto, que terminava um pouco antes dos joelhos, com decote nos seios e uma abertura nas costas. Olhei novamente no espelho e me achei bonita, mas só tive certeza quando cheguei à sala novamente e vi tanto meu marido quanto Ivan me observarem dos pés à cabeça. Fiquei sem jeito (sou tímida), mas foi bom perceber as reações.

Guardamos nosso carro na garagem, depois entramos no carro de Ivan: Luis no banco de passageiro e eu atrás, levando ao meu lado uma mochila com algumas roupas, escova de dentes, pente para cabelo.

– Onde vamos? – indaguei.

– Já voaram alguma vez?

– Não! – respondemos quase simultaneamente.

Ivan perguntou se tínhamos medo. Luís deu uma de machão e disse que não, enquanto eu admiti o temor, mas argumentei que também tinha muita vontade de experimentar.

Dez minutos depois, chegávamos no aeroclube e a ficha caía de vez: realmente iríamos voar naquela noite. Perto de um angar, havia um homem alto (macacão de piloto) e outro mais baixo, com cinquenta e cinco, sessenta anos, barba e cabelos grisalhos. Este se chamava Rui, trabalhava com o Ivan; resolvia tudo para ele. Veio rapidamente conferir o estrago no para-choque do carro, depois garantiu que nos ajudaria com o conserto do nosso.

05 Uma Mulher de Negócios (Ipaussu)

Já dentro do helicóptero, agora com menos macheza, Luís perguntou com a voz trêmula:

 – Ivan, vamos para onde?

– São Paulo, capital! Tenho uma reunião por lá amanhã pela manhã, depois parto para a Flórida. Mas fiquem tranquilos, enquanto isso vocês estarão voltando para casa. – explicou e bateu com a mão na perna do meu marido, que estava sentado no meio, entre eu e Ivan. – É bem mais seguro que andar de carro, pode confiar.

Aí o helicóptero subiu e, depois dos minutos de apreensão, pude curtir aquela sensação maravilhosa. O medo aos poucos foi virando euforia. Perde-se a noção do tempo quando se está voando. Quando chegamos no heliporto, o piloto aterrissou a máquina, mas quem disse que deu vontade de descer?

Um carro nos levou a um hotel chique, com formato de meia lua invertida, cheio de janelas redondas e luzes por todo cantos. Um funcionário uniformizado veio nos receber no saguão da recepção.

– Boa noite, Sr. Ivan Vasconcelos!

– Boa noite! Trouxe amigos que vão precisar de uma suíte também! Tudo por minha conta!

O homem cuidou das malas do Ivan e de nossa mochila, depois nos encaminhou a um elevador panorâmico que nos levou à cobertura, onde havia um restaurante magnífico, com mesas espalhadas em volta de uma grande piscina de águas avermelhadas, maravilhosa.

– Imaginavam que jantariam observando o Parque do Ibirapuera? – perguntou Ivan.

Jamais imaginaríamos, nem em sonho. Na verdade, éramos dois deslumbrados, impressionados com tudo. Quando o jantar foi trazido, para se ter uma ideia, não sabíamos nem como nos comportar à mesa. Além de nós três por ali, haviam apenas mais quatro casais ocupando outras quatro mesas… Uns minutos depois, só haviam dois. Uma hora e meia depois, só havia a gente por ali. Conversamos sobre mil e um assuntos. Falamos sobre nossa rotina desinteressante e, em troca, ouvimos Ivan falar sobre suas viagens, sobre seu trabalho, sobre alguns de seus hobby’s. Perto das duas da manhã, quando já estávamos meio bêbados, Luís colocou a culpa nos remédios que tomava para justificar o desejo de ir conhecer a tal suíte, enquanto Ivan tentava nos convencer a continuar bebendo.

– Descobriram que tenho duas hérnias de disco. Estou me entupindo de remédios. Se não me submeto a isso, não aguento nem ficar em pé. O problema é que essas drogas dão um sono danado. – foi dizendo meu marido. – Fiz fisioterapia, mas os médicos decidiram operar. O problema é que a espera pela cirurgia já dura alguns meses… Dê graças a Deus caso esteja conseguindo pagar um convênio médico neste país.

Quando estávamos prestes a nos recolher, Ivan disse que ficaria mais um pouco por ali, entretanto, teve o cuidado de se levantar para se despedir. Estendeu a mão ao Luís, mas bem na hora do simples cumprimento, o puxou e abraçou. Mais que um gesto de carinho, pareceu algo verdadeiro, até meu marido concordou depois.

Em seguida, virou-se e abriu os braços em minha direção. Nos abraçamos também. Ivan, que a princípio posicionou uma mão um pouco abaixo do meu pescoço e a outra na parte detrás da minha cintura, antes que nos afastássemos, deixou o braços descer um pouco, deslizando a mão por parte da minha bunda, bem sutilmente, sem deixar que Luís percebesse.

06 Uma Mulher de Negócios (Ipaussu)

Antes de tornar a se sentar, retirou um cartão de visitas do bolso e entregou ao meu marido.

– Guarde o contato do Rui; ele vai te ajudar com a questão do conserto do carro. – garantiu. Levou a taça de vinho à boca e, enquanto saboreava a bebida, nos desejou sorte. – Como acho que nunca mais nos veremos, aproveito para desejar que as coisas melhorem para vocês.

Também agradecemos e lhe desejamos o melhor, em seguida o deixamos só.

Fomos ao quarto. Era a hora de nos impressionarmos com a suíte, com a hidromassagem e com a roupa de cama. Luís, que até então não havia demonstrado nenhum tipo de desconfiança ou ataque de ciúmes, veio com umas conversas meio estranhas:

– Com caras ricos como Ivan por aí, como foi escolher um fudido como eu?

– É o fudido que eu amo!

– Um dia vou te dar uma vida muito melhor, pode acreditar.

– Eu sei…

A voz dele, meio amolecida pelo vinho, queria falar mais coisas:

– Em vários momento ele ficou te secando…

– Nem percebi!

– Ele não te falou nada?

– Não.

– E se ele falasse, teria coragem de fazer algo com ele?

– Claro que não, sou sua esposa!

– Mas ele é bonitão, não é? Tem bastante dinheiro, fala bem…

– Mas você é o meu marido, não ele! – insisti.

Depois fomos para a cama e transamos. Nada muito sensacional, mas foi gostoso. Em alguns momentos, em alguns flashes e por motivos óbvios, não tive como não imaginar o Ivan no lugar do Luís. Pelas nove da manhã acordamos, subimos para tomar café, depois fomos conduzidos ao heliporto novamente. A sensação de que voltaríamos à nossa vidinha medíocre nos causou um desânimo torturante.

Uns dias depois, nosso carro ficou pronto. Os pneus foram trocados, os documentos: colocados em dia. Tudo ia bem, até uma bomba ser jogada no nosso colo: a polícia apareceu numa manhã e levou o Luís, encaminhado-o ao presídio da cidade vizinha. Me desesperei.

Ou pagávamos os valores que ele deixou de pagar à ex-mulher (e nem isso era garantia de soltura imediata) ou ficaria trancafiado ao menos por uns trinta dias, sem que mesmo que acabasse solto, correria o risco de ser preso novamente, até que conseguisse colocar os pagamentos em dia. Um advogado público veio com a sugestão de propormos um acordo que parcelasse a dívida, mas, para isso, ressaltou que precisaríamos de um valor para ser oferecido como sinal. O problema é que não tínhamos nada, quantia alguma. Tentei então falar com a ex-mulher dele… mas a vagabunda nem me recebeu.

Só me deixaram visitar meu marido uma semana depois da prisão.

– Como está?

– Péssimo! – reclamou ele. – Isso aqui é desumano.

– Estou pensando em pedir ajuda para aquele cara que trabalha com o Ivan.

– Acho perda de tempo.

– Não dá para simplesmente cruzar os braços…

– O velho vai rir da sua cara.

– Sabe onde colocou o cartão com o telefone dele?

– Acho que na gaveta da mesinha do telefone, mas não tenho certeza.

Conversamos mais um pouco, choramos muito, depois fui embora.

Cheguei em casa e o cartão realmente estava onde imaginávamos. Peguei o telefone e disquei o numero impresso no papel sem dar tempo para criar obstáculos que me fizessem desistir. A voz grossa indagou do outro lado da linha:

– Quem?

– Sr. Rui, aqui é Andressa…

– Que Andressa?

– Esposa do Luis… O Ivan bateu em nosso carro, se lembra?

– Ah, sim… O carro está bom?

– Está sim, mas precisava falar urgentemente com o Ivan. Sabe como posso encontrá-lo?

– Não pode!

– Por quê?

– O Ivan é um sujeito muito ocupado, com um tempo muito curto. Talvez vocês não tenham percebido, mas ele é o dono da organização, é quem dá todas as ordens. Não existe número para ligar para ele, não existe local para procurá-lo… Desista!

E desligou sem sequer dizer “tchau”.

Desabei no choro. Aquela, com certeza, era a única chance que tínhamos. Também que idiotice a minha acreditar que um estranho poderia nos ajudar, que idiotice. Na vida real essas coisas nunca acontecem.

Mas aí meu telefone tocou.

– Andressa?

– Eu!

– Andou me procurando?

– Ivan?

– Isso mesmo.

– Procurei sim… – admiti com minha voz de choro.

– Interrompi uma reunião para conseguir te retornar. Estarei em Ipaussu daqui a dois dias: quinta-feira, seis da tarde, aí na porta de sua casa, combinado?

– Está bem! – respondi, antes que a ligação se encerrasse.

Aqueles dois dias parecem que duraram dois anos, fora a dúvida cruel que martelava a minha cabeça: será que viria realmente? Mesmo atormentada pela incerteza, às seis da tarde estava preparada. Fez um friozinho, então fui lá fora aguardar usando blusa de moletom marrom, calça branca e tênis.

07 Uma Mulher de Negócios (Ipaussu)

Às seis e dez, um carro parou em frente à minha casa. Quando o vidro se abaixou, o motorista com cara de mau me pediu para entrar. Apesar do receio, obedeci sem fazer perguntas. Oito minutos depois estava descendo em frente a um prédio comercial do centro da cidade. Logo na entrada, fui recebida por Rui, que me acompanhou até o elevador. Segurou a porta enquanto apertava a tecla correspondente ao sexto andar e depois me deixou subir sozinha. Ao desembarcar, caminhei por um corredor de portas fechadas e, conforme a instrução que havia acabado de receber, entrei na única porta entreaberta.

Parecia um escritório, um pouco escuro, pois só havia uma luminária acessa sobre a mesa de reuniões. No outro lado, um balcão de bar bem chique, mais para o canto, onde Ivan, sentado em uma poltrona alta, já me observava enquanto balançava um copo de uísque… fazendo movimentos circulares.

– Boa noite, Andressa!

– Boa noite!

– Pode entrar. – exclamou. – Quer tomar alguma coisa?

– Não, obrigada.

– Certeza?

– Sim.

Levantou-se para puxar uma poltrona para que eu também me sentasse.

– Cadê o Luís? O que houve?

– Foi preso porque não conseguiu pagar a pensão do filho. Já faz uma semana e meia. O advogado acha que só terá chance de sair depois que completar um mês atrás das grades.

– E o que quer que eu faça?

Engoli em seco.

– Que nos ajude.

– Mas sou engenheiro, não advogado. Não conheço nada sobre cadeia e nem sobre pensão alimentícia… nem filho eu tenho. Não posso ficar o resto da vida socorrendo vocês quando alguma coisa acontecer. Sei que têm problemas, mas quem não tem? – fez pausa, bebeu uísque, sorriu. – Naquela noite estava em dívida com vocês. Havia acabado de provocar um acidente, levemente bêbado e com pressa para partir para a capital. O que fiz? Tratei o problema com extrema atenção, um pouco por culpa, um pouco por pena do seu marido e outro pouco porque te achei bonita… Mas o importante é que, de alguma forma, cumpri com minha responsabilidade.

Segurei o choro.

– Tem toda razão. Nem deveria ter te procurado. – murmurei enquanto me levantava.

Ivan também se levantou.

– Já desistiu? Achei que estivesse aqui para negociar!

– Vim pedir que nos ajudasse…

– Sou um homem de negócios, Andressa! Ajudo quem me ajuda! O que tem a oferecer pela resolução desse seu problema?

Balancei a cabeça horizontalmente.

– Você entrou na minha casa… sabe que não tenho nada! Não tenho dinheiro, mas posso trabalhar sem receber. Não tem o que eu não aprenda, só preciso de um tempo de adaptação.

– Andressa, Andressa…

– O que mais poderia te oferecer?

– Gostaria que você me dissesse!

– Não sei o que dizer! – retruquei instintivamente.

Ivan tornou a se sentar. Virou o copo de uísque na boca, depois ficou me olhando nos olhos por alguns segundos. Parecia querer extrair algo de dentro de mim, parecia querer entender o que eu pensava naquele exato momento.

– Posso tirá-lo amanhã mesmo da prisão!

– Como?

– Tenho um pouquinho de dinheiro, sem falar que conheço pessoas.

– Então tire ele de lá, por favor!

– Tem certeza que quer isso?

– Sim, quero sim!

Ao se levantar outra vez, passou por trás de mim e deu a volta no balcão. Do lado de dentro do bar, apanhou uma taça grande e bonita e a deixou próxima à pia. Enquanto passava o dedo sobre os rótulos de algumas garrafas dispostas numa prateleira, perguntou se eu gostava de gin e sorriu quando confirmei. Misturou gelo com algumas bebidas numa coqueteleira, depois derramou tudo na taça.

– Toda mulher que conheci na vida tem laços de amizade com gin, não falha nunca. – brincou, estendendo a taça. – Gin-tônica, o clássico moderno.

– Obrigada.

– Agora preciso que fique quietinha, saboreando sua bebida e me vendo trabalhar. Tenho uma última reunião, chata como todas as outras… Juro que não demora. Depois voamos para São Paulo, ok? Amanhã pela manhã já estará de volta para reencontrar seu marido. Voltarão para casa e serão felizes de novo.

08 Uma Mulher de Negócios (Ipaussu)

– Ok! – concordei.

Ele foi se sentar na mesa de reuniões do outro lado da sala. Mexeu em alguns papéis que já estavam por ali e quase não falou nada quando os três homens de terno e gravata chegaram acompanhados por Rui, que também participou do encontro.

Menos de trinta minutos depois já deixávamos o local em direção ao aeroclube.

– O Rui nos acompanhará. – avisou Ivan.

Poucos minutos depois, já estávamos voando. Fui levada para o mesmo hotel chique da última vez. Rui se distanciou, indo resolver alguma coisa, enquanto subíamos em direção ao restaurante da cobertura. Ivan escolheu a mesmíssima mesa, onde nos sentamos frente a frente.

– Você é linda.

– Obrigada. Você também é… – sussurrei.

– Alguém deveria ter proibido que se casasse tão jovem.

– Você não é casado?

Ele fez um “não” afobado com a cabeça.

– Estou pensando em me casar com você, mas só nos dias em que eu estiver em Ipaussu. Como podemos fazer isso, tem alguma ideia?

– Não…

O garçom veio trazer a comida, o que não impediu Ivan de prosseguir, como se ainda estivéssemos a sós:

– Já traiu seu marido, Andressa?

Ivan: enfiando o olhar no fundo da minha alma. O garçom: fazendo cara de paisagem enquanto preparava os pratos. Eu: mais vermelha que um pimentão, tremendo de vergonha e respirando com dificuldade.

– Não, nunca.

– Ainda nem defini minha programação, mas acho que estarei em Ipaussu ao menos duas vezes no mês. Vou mandar prender seu marido nesses dias, assim você me procura para pedir ajuda. – brincou (eu acho…), sorrindo maliciosamente.

Jantamos e continuamos a falar sobre tudo.

Num dado momento, se levantou e me estendeu o braço. Depois passamos a caminhar de mãos dadas, como namorados, a caminho do elevador. Descemos um andar apenas, com o corredor terminando justamente diante da porta da suíte. Entramos no quarto. Ele deixou o corpo cair num divã luxuoso, colocando ambas as pernas sobre o móvel, sem tirar os olhos de mim.

Nunca tremi tanto em toda a minha vida.

– Tire meus sapatos e minhas meias. – ordenou.

Inclinei o corpo para obedecer, no entanto, com uma nova ordem, fez com que eu me ajoelhasse. Obedeci novamente. Tirei seus sapatos e suas meias. Fiquei parada esperando que dissesse mais alguma coisa, mas ele só me observava, munido daquele característico sorrisinho malicioso.

– O que eu faço? – perguntei.

– Tire a roupa e vá para a banheira.

Bastou que eu ameaçasse o primeiro passo, para exigir que me despisse ali e só então me afastasse.

Morrendo de vergonha, tirei lentamente minha blusa, depois (mais lentamente ainda) o top que usava por baixo. Tanto quanto o resto do meu corpo, os bicos dos meus seios, muito arrepiados, pareciam pedir para que minhas mãos os protegessem. 

Retirei os tênis e as meias, depois me concentrei na calça. Libertei o botão com meus dedos hesitantes, então fui abaixando o zíper como se estivesse rasgando minha própria pele. A calça era justa, tentou se agarrar em minha calcinha branca, mas não permiti. Tirei uma, depois a outra, peça por peça…

– De costas! – impôs.

Apesar da circunstância e da tensão impregnada em cada parte do meu corpo, estava tão excitada e tão molhada, a ponto de temer que algo passasse a escorrer por minhas pernas. Enfim, me virei e fiquei parada por vários segundos.

– Posso me virar?

– Pode… vai lá. Pedi que preparassem a banheira antes mesmo de chegarmos. Entre e me espere, só vou responder algumas mensagens. – murmurou, depois tornou o rosto mais afável para elogiar. – Você é uma delicinha! Sua bunda é muito gostosa.

Entrei na banheira e aguardei. Passavam mil e uma coisas na minha cabeça. Por um lado, me culpava por estar fazendo aquilo com Luís; por outro, tentava me convencer de que tudo era por ele.

Ivan só veio alguns minutos depois. Colocou seu copo de uísque na borda da banheira e me entregou o outro. Arrancou o roupão e ficou nu, depois entrou vagarosamente na banheira, atrás de mim, puxando meu corpo até encaixá-lo entre suas peras, com minhas costas apoiadas no peito, quase sentada em seu colo. Beijou e lambeu meu pescoço, virando meu rosto para entrelaçar a língua na minha língua e morder meus lábios.

Apanhou o copo, encheu a boca de uísque e depois veio me beijar novamente, derramando tudo na minha boca. Desceu a mão pelo meu peito, ultrapassou o umbigo e apertou minha bucetinha. Deu dois tapinhas, sorrindo maldosamente, depois socou dois dedos, em movimentos circulares, me causando contorções e pequenos gemidos.

Num dado momento, se levantou. Seu pau estava duro, parcialmente encoberto pela espuma dos sais… De repente, fui subindo um pouco mais o olhar e lá estavam os olhos dele, adorando me ver hipnotizada por aquele pinto. Fez questão de me tratar com tanto cuidado e carinho que, inocentemente, mais de uma vez, cheguei a cogitar de que estivesse apaixonado por mim. Enxugou meu corpo como um pai faz com uma filha pequena.

Sentou-se na beirada da cama e me fez deitar de bruços sobre suas pernas, igual uma garota levada, prestes a tomar palmadas por ter feito algo errado. Minhas costas nuas se arrepiaram apenas com o deslizar daqueles dedos grandes… o arrepio, sem querer, me empinou toda, como um gato acariciado. Talvez por isso tenha levado o primeiro tapa na bunda, depois outro. Era uma dorzinha gostosa, que me excitava cada vez mais. A única coisa que pedi, naquele primeiro momento, foi para que não me deixasse marcas, pois Luís certamente notaria.

– Fiz acordo com você, não com ele! – respondeu, maltratando minha bunda mais uma vez.

Minha pele é clara, então as marcas tornarnam-se inevitáveis. A cada tapa, conforme minha bunda latejava, aquela dor prazerosa fazia minha buceta latejar junto, por isso eu gemia e suspirava.

09 Uma Mulher de Negócios (Ipaussu)

Fui jogada na cama, ainda de bruços. Senti a lingua percorrer meu calcanhar e minha panturrilha, depois a parte detrás da minha coxa. Beijou, lambeu, mordeu minha bunda e enfiou a lingua no meu cuzinho. Agarrei o lençol com as duas mãos, quase rasgando o tecido.

Virou meu corpo, suspendeu minhas pernas, arreganhando-as, somente para enfiar a língua mais fundo na minha buceta. Ora mordia suavemente meu clitóres, ora mordia suavemente o interior das minhas coxas.

Quando parou, escalou meu corpo e ficou acocorado sobre o meu peito. Encaixou seu saco na minha boca e repousou o pau sobre meu rosto… E era um pau que ocupava minha cara toda, sendo que Ivan era conhecedor da arma que tinha, tanto que provocou, enquanto esfregava suas bolas no meu queixo e nos meus lábios:

– Duvido que a rola do seu marido seja assim…

E claro que não era, definitivamente não. Ivan era um homem alto, com um biotipo diferente e características que não lembravam em nada a estrutura física do Luís. Mesmo assim, me mantive em silêncio, não respondi nada.

Depois de esfregar o pinto na minha cara, enfiou na minha boca, primeiro devagarinho, colocando cada vez mais enquanto me via arregalar olhos assustados, tentando respirar pelo nariz. Pediu que mordesse o pau dele, que beijasse a cabeça daquela rola, que lambesse outra vez seu saco. Eu de repente me vi mais putinha que minha irmã, obedecendo a tudo, engasgando com aquele pinto quase na minha garganta, enquanto Ivan tapava meu nariz, apenas para sorrir ao ponto em que provocava outros engasgos.

Colocou o preservativo e me botou de quatro na beirada da cama, ficando em pé ao lado dela. Aí, enquanto me fodia com força, dava mais tapas na minha bunda, me mandando rebolar a todo momento. Devo ter parecido uma desengonçada, pois nem meu marido me pedia aquilo. Inexplicavelmente, gemi e gozei como nunca havia gozado antes, já nas primeiras estocadas.

Depois, como um brinquedo nas mãos dele… me posicionou de lado, com as pernas juntas. Ajoelhado na cama, com o pau enterrado na minha buceta, Ivan parecia um animal, um animal que precisava me devorar para continuar existindo ou apenas para satisfazer seu ego.

De frente, num “frango assado” em que arreganhou minhas pernas com truculência, enquanto judiava mais da minha bucetinha, me dava pequenos tapas no rosto, apertava meu pescoço com sua mão grande ou enfiava dedos na minha boca. Ele parecia tão alucinado, curtindo tanto, que imaginei que gozaria a qualquer momento… Mas, mais uma vez estava enganada.

De repente Ivan parou. Afastando-se um pouco, ficou examinando alguns frascos sobre o tampo de um móvel de madeira, chumbado num canto do quarto. Retornou rapidamente, retirando com a boca o lacre de um frasco cilíndrico… Ao entender no mesmo instante o que estava acontecendo, senti um calafrio e um friozinho estranho na barriga.

– Não me machuca não… – pedi com a voz melosa.

Ele veio me beijar na boca, depois perdeu mais alguns segundos lubrificando o preservativo que recobria aquele pau inchado e duro, tal qual um serviçal preparando a ferramenta que estava prestes a utilizar.

No segundo seguinte, me colocou de quatro novamente, esfregando o pinto no meu cuzinho até conseguir me penetrar. Não posso dizer que não tenha sido carinhoso, principalmente no príncípio, principalmente enquanto eu gemia de dor ao passo que aquela rola ia avançando pouco a pouco, me lubrificando cada vez mais.

10 Uma Mulher de Negócios (Ipaussu)

Nunca cheguei a ser a maior fã de sexo anal; mas passei a encarar de outra forma depois que caí nas mãos do Ivan, que era um cara vivido, um cara que já devia ter comido muita bunda… Com o Luís, em todas as nossas tentativas, só devo ter ficado com a parte da dor, pois o prazer, decerto, ficou todo com ele.

Quando gozou, Ivan apertou minhas duas nádegas com bastante força e soltou um grunhido, depois deixou o peso do corpo ir caindo sobre minhas costas, fazendo com que me deitasse com ele por cima de mim. Ficou ali em silêncio por mais de dez minutos. Quando decidiu dizer alguma coisa, acho que me pediu desculpas primeiro, depois agradeceu, sussurrando algo sobre a minha bunda na sequência; não entendi direito, pois estava tão extenuada, que peguei no sono e despertei com a voz ao meu ouvido.

Com lentidão, se levantou e pegou seu telefone celular, depois foi ao banheiro. Saiu rapidamente, vestiu o roupão, apanhou as roupas que havia deixado sobre o divã, os sapatos no chão e exclamou, antes de me beijar na boca pela última vez:

– Boa sorte em tudo, Andressa!

Imersa naquela minha espécie de “Síndrome de Estocolmo”, também agradeci:

– Obrigado, Ivan!

– O Rui cuidará das coisas. – disse.

Imaginei que “o Rui cuidará das coisas” fizesse referência ao meu retorno pela manhã e à soltura do meu marido… mas não, não era só isso.

Quando Ivan abriu a porta do quarto para sair, Rui o cumprimentou e aproveitou para entrar. Puxei o lençol e cobri meu corpo.

– Calma, Andressa, calma… – murmurou, já desatando o laço do roupão.

– Ah, Rui… Você não vai fazer isso comigo.

– Vou, mas não tem que se preocupar. Não tenho a juventude do Ivan. Vou te tratar com todo carinho do mundo, prometo.

Foi puxando o lençol, acariciando meus pés e minhas pernas.

– Não me machuque.

– Não vou te machucar, pode ficar tranquila. – garantiu.

Circundou a cama e então colocou o pau dentro da minha boca. Chupei até endurecer. Depois me comeu de ladinho, de conchinha, sem os tapas do Ivan, sem a safadeza nas palavras e nem os puxões de cabelo que ele me deu. Quando estava prestes a gozar, retirou a camisinha e se masturbou, sujando a minha barriga e minhas pernas. Vestiu o roupão e saiu.

Pela manhã, enquanto Ivan viajava para os Estados Unidos, Rui e eu retornamos a Ipaussu. Do aeroclube, partimos direto para a penitenciária, onde ainda tivemos que aguardar horas até finalizarem os trâmites da liberação de Luís. Só eu sei a alegria que senti ao vê-lo solto novamente. Um táxi nos levou para casa.

Luís estava morto de saudade de tudo: das plantas, da nossa cachorrinha e principalmente de mim. Mal chegamos e, assim que trancou a porta, passou o braço sobre um móvel e derrubou todos os troféus que ganhou na época em que jogava tênis de mesa, me agarrou pela cintura e me colocou sentada em cima, como se fosse seu troféu predileto. Ficou em pé, entre as minhas pernas, me abraçando e beijando minha boca, como que assumindo o medo de que nos afastássemos novamente. Só me tirou dali de cima para me deitar no sofá, depois começou a tirar minha roupa enquanto continuava me beijando…

Meu coração disparou, quase arrebentou meu peito. Estava toda marcada, cheia de arranhões e hematomas, nos peitos, na barriga e nas costas, sem mencionar os vergões que tinha em quase toda a bunda e na parte interna das coxas.

Tentei agarrar as mãos dele para que não me despisse.

– Vamos ter todo o tempo do mundo… – murmurei.

Ele ficou sério.

– Preciso te comer agora!

Ao arrancar minha blusa e o top, pude perceber suas expressões se transformarem pouco a pouco. A testa pregueada de rugas, as sobrancelhas encolhidas, a boca cerrada.

– Ele te levou para São Paulo, né? – perguntou com um sussurro.

Respirei fundo antes de responder:

– Levou sim. Vamos conversar?

– Esquece isso, te amo e sei que fez por mim.

E depois da declaração de amor, terminou de me despir e fez questão de beijar todas as marcas que haviam feito em meu corpo, como se quisesse me curar e me purificar, até ver minha bunda e não conseguir se conter:

– Ele te bateu?

– Sim, mas não como você imagina.

– Você gostou?

Virei-me para encará-lo:

– Não vou te responder essa pergunta.

Luís apenas me beijou, massageou minha pele, depois passou suavemente a língua no meu cuzinho maltratado, depois na minha bucetinha, com todo o cuidado do mundo. Quando tentou me penetrar, fiz o que pude para suportar a dor, mas tive que interromper.

 

– Hoje não vou conseguir, desculpa…

Ele entendeu. Se deitou ao meu lado e ficou acariciando minha cabeça até pegarmos no sono.

Hoje em dia ainda estamos juntos, somos felizes e estamos vivendo uma fase, inclusive financeira, bem melhor do que naquela epoca. Acho que só conseguimos seguir em frente porque o Luís não ficou remoendo o fato, tampouco perdendo tempo em jogar aquilo na minha cara durante ou após alguma briga. De alguma forma, parece ter conseguido esquecer e superar, sem nem mesmo querer saber os detalhes que vivi naquela madrugada na capital.

Nunca mais vi o Ivan, ainda que às vezes ele apareça em algum sonho meu ou volte a fazer as mesmas coisas que fez comigo… em algum pensamento que ainda não consegui exorcizar.

Já quanto ao Rui: encontramos certa vez em um supermercado da cidade. Como se nada tivesse acontecido, cumprimentou o Luís e depois me cumprimentou. Coitado do meu marido; pois, por não saber que o safado também tinha me comido, ainda o agradeceu por ter ajudado a libertá-lo da prisão.”

 

                                                                                                                                 N.R.V.  – Ipaussu/SP

 

Observação: todos os nomes expostos no conto são fictícios, assim como certos detalhes que eventualmente possam causar constrangimentos aos envolvidos.

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